UM OUTRO 25 DE ABRIL QUE ESTÁ SENDO ESQUECIDO

TADEU AFONSO

A civilização e os democratas de todo o mundo comemoraram ontem, com orgulho e também muita emoção, o dia 25 de abril, que marcou os 50 anos da derrubada da mais longeva das ditaduras da Europa Ocidental: a de Antônio de Oliveira Salazar, que se estendeu de 1926 a 1974 e que manteve Portugal fora do século XX, governando sob o lema de “Deus, Pátria e Família”.

Mas abril tem mais uma data fundamental para a civilização e a democracia e que está sendo esquecida: é o 25 de abril de 1945. Nesse dia, começou a retirada dos soldados da Alemanha nazista e dos soldados fascistas da “República de Salò”, das cidades de Milão e Turim. A “República de Salò” era um Estado fantoche criado nos últimos anos da guerra, no norte do país, numa altura em que os Aliados já ocupavam boa parte do território italiano.

Mas abril não tem só isso para comemorar.

No dia 28, Benito Mussolini foi capturado e executado por resistentes anti-fascistas no norte da Itália junto com sua amante, Claretta Petacci, quando tentavam fugir para a Suíça. O corpo dos dois ficou exposto numa praça, em Milão, pendurado pelos pés.

Também dois dias depois – 30 de abril – foi a vez de Adolf Hitler se suicidar em seu bunker de Berlim. No dia 8 de maio, quando os nazistas se renderam às tropas aliadas, a maior parte da Europa não passava de destroços fumegantes.

Sintomaticamente, no 25  de abril, nenhum italiano que seja democrata veste a cor preta, que era o uniforme dos fascistas italianos.

Nenhuma novidade: o uniforme preto era uma repetição do gesto dos militantes do Partido Nazista, que envergavam camisas pardas.

Meu companheiro Heverton morou na Itália na década de 90. No seu primeiro 25 de abril lá, ele foi ao Duomo de Milão usando uma camisa preta. Foi severamente advertido por um idoso para que retirasse imediatamente a vestimenta. Ele teve que voltar para casa para trocar de roupa.

Aqui, em Pindorama, os desordeiros, os desocupados e os terroristas que seguem Jair Bostanaro repetem o mesmo lema de Salazar, acrescentando uma quarta palavra – “Liberdade”. Segundo eles, pode-se viver sem oxigênio, mas não sem liberdade…

Esses marginais, a exemplo dos nazistas e dos fascistas, têm um uniforme: a camisa amarela da seleção brasileira de futebol, que envergam nas desordens que costumam promover sob a omissão cúmplice das Delegacias de Vadiagem e de Costumes.

Até o final do ano, deverão ser obrigados também a usar uma tornozeleira eletrônica, além de cumprir uma etapa numa penitenciária de segurança máxima.

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