GOVERNO LULA PEDE QUE PF INVESTIGUE MÉDICOS POR FAKE NEWS SOBRE FALTA DE REMÉDIOS NO RS

FSP – 10.5.24 – MÔNICA BÉRGAMO

O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, enviou à Polícia Federal (PF) na quinta (9) novos nomes para serem investigados pela suspeita de disseminarem fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. Dois médicos estão na lista.

Eles postaram vídeos em suas redes sociais afirmando que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estaria impedindo aviões particulares de decolarem com medicamentos doados às vítimas da catástrofe –o que a agência nega de forma enfática.

A dermatologista Roberta Zaffari Townsend afirmou a seus 33,5 mil seguidores no Instagram que ela e “colegas médicos” passavam pela “mesma situação”: tinham conseguido “aviões particulares” com “amigos” que estavam doando remédios. Os medicamentos, porém, não chegavam ao estado por causa da burocracia da Anvisa.

“Por favor, Anvisa, libera essas medicações. A gente precis a salvar vidas de pessoas”.

Já o médico Victor Sorrentino, que tem 1,3 milhão de seguidores na mesma rede, postou uma live afirmando que aviões privados, “em três aeroportos, carregados de medicamentos”, não conseguiam decolar por causa da “burocracia da Anvisa”.

“Estão fazendo as pessoas morrerem sem medicamentos aqui”, disse ele.

Sorrentino já foi detido no Egito, em 2021, acusado de assédio sexual, e suspenso por um mês, em abril deste ano, pelo Conselho Regional de Medicina do RS por violar o Código de Ética da profissão.

CÉU ABERTO

O vídeo de Sorrentino teve tal impacto que a Anvisa divulgou uma nota, sem citá-lo, afirmando que “não efetuou qualquer restrição ao transporte de medicamentos destinados ao Rio Grande do Sul”.

A assessoria da Anvisa afirmou ainda à coluna que, “exceto pela postagem veiculada nas mídias sociais, não recebemos nenhum outro relato de aeronaves impedidas pela Anvisa de transportar medicamentos”.

Os médicos Victor Sorrentino e Roberta Townsend não responderam às mensagens enviadas pela coluna.

Questionada sobre em quais aeroportos do país aviões particulares teriam sido supostamente retidos pela Anvisa, e qual a matrícula das aeronaves, a assessoria de Sorrentino informou inicialmente que “quanto aos detalhes do ocorrido, o dr. Victor entende que, diante da solução imediata do problema pela própria Anvisa, que, novamente, foi apreciada por ele em vídeo também, agora não se faz necessário apontar os detalhes.”

Disse posteriormente que era a própria assessoria que dizia não saber quais aviões teriam sido supostamente retidos, e que Sorrentino está incomunicável. “A situação lá no Sul está muito difícil e o dr está em campo ajudando seu estado”, afirmou. “Portanto, etá impossível falar com o dr!”, finalizou.

A assessoria afirmou ainda que a Anvisa baixou resoluções flexibilizando a burocracia para o envio de medicações. A agência, no entanto, não tratou do assunto em suas medidas, e nega a aplicação de qualquer norma burocrática aplicada a aeronaves que transportariam remédios para o Rio Grande do Sul.

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